sábado, 23 de agosto de 2014

Update

Transformei-me numa suricata de dentes arreganhados, passei a manhã toda de costas para o mar, de nariz no ar e faro de perdigueiro, a monitorizar as entradas e saídas da praia. Quando já estava a perder a esperança... ahhhh... vejo-os lá ao fundo, a aproximarem-se lentamente (sem a filha - perfeito!). Deixei-os armar o chapéu-de-sol e aproximei-me, deslizante e silenciosa sobre a areia. 
- Bom dia! 
A criatura, lívida, engoliu em seco. Disse-lhe que precisava da ajuda dela, que estava desde ontem a tentar entender o que se passou entre ela e as crianças, nomeadamente com a minha filha. 
Que não sabia de nada, que não conhecia a minha filha de lado nenhum e que portanto não falava com ela. Depois de relembrada, ahhh... então a sua filha foi-lhe fazer queixinhas é? Que não, que queixinhas se fazem dos colegas da escola com a mesma idade, que neste caso se tratava de um adulto a ser propositada e gratuitamente desagradável com uma criança. Enfim... venho para esta praia há anos, é proibido jogar à bola na areia... um discurso de uma criança na boca de uma mulher. A conversa acabou quando o marido, dirigindo-se à criatura, proferiu a seguinte frase magistral:
- Acaba com isso e pede desculpa à senhora!

E eu, caramba, agora estou aqui com com um terrível peso na consciência. É que acho que, com aquela frase, o senhor comprometeu a sua paz e felicidade ad aeternum... 


55 comentários:

  1. "à anos"?!!!!!!!!!!!!!! Distraída ;)

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  2. Peso na consciência só se for de não teres ido jogar à bola mesmo para cima dela e não teres feito pontaria à tromba, perdão, face!

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    1. Oh pah... a criatura paralisou! Então o marido dá-me assim razão?! Acho que nunca mais vai ter descanso! Coitado... :DDDDDDD

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  3. Boa, Palmier!! Não podendo mudar o mundo, podemos mudar um pequeno pedaço dele. Essa senhora para a próxima vai pensar duas vezes antes de abrir a boca e, quanto ao marido, pode ser que seja a deixa dele para dar o grito do Ipiranga! ;-)

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    1. Pode ser que sim... por outro lado tenho dúvidas que ele chegue ao fim das férias vivo! :DDDDDDDD

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  4. Ainda bem que havia alguém sensato naquela família... No entanto, acho que o senhor é capaz de ter de dormir no sofá durante uns bons tempos! E quase que apostava que eles não voltam a pôr as unhas nessa praia tão depressa...

    (Devo aqui deixar claro, no entanto, que fiquei tremendamente desiludida por não teres seguido nenhum dos mui preciosos conselhos que aqui foram deixados no post anterior. Todos teríamos adorado que a tivesses feito comer um tiquinho de areia...)

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    1. No sofá?! Aquilo é coisa para passar a dormir no tapete da entrada! :DDDDDDDD

      (eu, vestida de coelho... sentada na sombra deles! Isso é que tinha sido! :DDDDDDDDDDDDDDDD)

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    2. Talvez o ponha é na casota do cão...

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    3. Hum... isso parece-me muito bom... cá para mim fica à chuva, amarrado a uma árvore! :DDDDDDDDDD

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  5. Com uma pessoa assim a felicidade não deve ser para todo o sempre...

    Agiu de acordo com a sua consciência, e em defesa dos seus filhos. Possivelmente situações destas não se repetirão (espera-se)

    Palmier for president!!!

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    1. Na verdade deve ser impossível ser feliz ao lado de uma pessoa tão inconsequente... mas agora ainda se deve ter tornado mais difícil...

      (vou mandar o NIB da campanha! :DDDDDDDD)

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  6. E ao menos pediu desculpa? É que nem era a ti que ela tinha de se desculpar, era à tua filha, que se contou isto é porque ficou melindrada com a situação.

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    1. Não. Disse mesmo: "Eu? Pedir desculpa?!"... mas achei que depois da forma como foi desautorizada, já não ganhava nada em ficar ali a insistir...

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  7. Palmier, se conheço um bocadinho da natureza humana, o marido é quem veste as calças lá em casa, vai dormir na cama, como de costume. É por isso que a senhora fala assim com os mais fracos.

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    1. Será? Ela não reagiu nada bem à observação dele... disse inclusivamente "Eu?! Pedir desculpa?" depois não ouvi o resto que já não me interessava... mas, se calhar, quem vai acabar a dormir no sofá é ela! :DDDDDD

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    2. Estou com a Palmier. A senhora deve espingardar para toda a gente, o marido já está farto e neste caso decidiu que tinha de fazer uma "chega" para que tomasse consciência das consequências para a família. Mas olhe, são dinâmicas de família em que a Palmier nada pode fazer. Achou que tinha que falar com a senhora, falou educadamente, expôs a sua situação... e pronto foi isso. Gostava era de saber se a outra senhora tem também um blog e se sim, como seria a versão da mesma. :D!! Mas isso já sou eu a esticar

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    3. Essa foi a opinião do meu marido...

      (entretanto, uma amiga que ficou na praia -esta cena passou-se mesmo antes de saírmos - disse-me que ela ficou lá a barafustar, a dizer que as crianças hoje em dia eram mal educadas porque faziam queixinhas aos pais e os pais faziam o que eu fiz, e qual era a ideia do marido, Se algum dia ela tinha de me pedir desculpa e o que aquela -eu- mulher precisava era de um chapadão na cara... por isso, acho que, na verdade, não serviu de muito...)

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    4. Sabe que essa das queixinhas está a baralhar-me a cabeça. Uma criança que confie nos Pais, não está a fazer queixinhas está a partilhar uma coisa que lhe aconteceu, uma pessoa (neste caso adulto) numa situação completamente estapafúrdia fez uma tempestade num copo d'agua. Queixinhas,... onde já se viu? A sério que me baralho com esse argumento da caca. É que por sinal, a filha dela não lhe pode contar nada porque são queixinhas! Que parvoíce! Beijinhos para a sua pequenita e para os seus amiguinhos, que são pessoas civilizadas. *

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  8. E... Tu não me digas que... Esqueceste-te do que te pedi, Palmier??? :DDDD

    (Por acaso até acho que foi pena não estar a filha... Sendo grandita às tantas até perceberia que o comportamento anterior não foi o mais correcto e se calhar até teria aprendido alguma coisa...)

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    1. Olha... perdeu-se o fashion moment... :DDDDDDDD

      (ainda bem que não estava a filha... se lá estivesse, acho que não me sentia à vontade para questionar as atitudes da mãe...)

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    2. E o vídeo?
      Cá para mim levaste uma trepa e estás só a disfarçar...

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    3. Olha... vê a resposta que dei no comentário acima... se calhar levo amanhã! :DDDDDDDDD

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    4. Não Palmier não levas e não é por que te sabes defender (que não duvido que saibas) mas porque mulheres como essa nunca dão razão a ninguém mas também só atacam os mais indefesos. Por isso é que ficou tão melindrada - não está habituada a lidar com adultos tête-a-tête e deve-lhe faltar muito estofo e maturidade para conseguir lidar com as situações sem ser aos berros ou a inferiorizar os mais fracos.

      Espero que a senhora não lide com crianças no seu dia-a-dia com muita frequência. Saímos todos a ganhar.

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    5. Oh pah... Eu se fosse a ti atiçava-lhe a Cutxi... Para grandes males grandes remédios... "Quem se mete com Palmier sabe bem que fica a perder!" :DDDD

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    6. Anónima, a ver vamos... se amanhã não der novidades... :DDDDDDDD (mas também acho que não, que só sabe falar pelas costas).

      Nê, Vou treinar a Cutxi hoje à noite! xcssss,xcssss ataca! ;DDDDDDDDD

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  9. Há pessoas que só apetece mesmo esbofetear, tamanha é sua estupidez!
    Ainda bem que vai havendo pessoas como a Palmier que as colocam no seu lugarzinho.

    (Dá-se-me cá uma raiva só de pensar em algumas pessoas da laia dessa senhora com as quais já tive o desprazer de me cruzar... Grrrrrrrrr)

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    1. Não se se a pus no lugar (sei que com os meus filhos não volta a repetir a graça, agora com outros...?) Talvez não o faça é à frente do marido... não vá ele responder da mesma forma...

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  10. Bravo Palmier! Quanto ao marido... Não tivesse casado com ela!!

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  11. Dezázero para a Palmier! :D

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  12. Gostei muito, mas mesmo muito. Na minha opinião bateu qualquer cena possível de esfoliação facial com cactos. E o marido também merece uma palmadinha nas costas, porque pode ser difícil enfrentar quem nos é desconhecido, mas será sempre muito mais complicado enfrentar "um dos nossos" mesmo quando necessário.
    Quem sabe se depois de uma boa noite de sono, a senhora não passa por um momento de transformação milagrosa e pede desculpa.

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    1. Hum... não me parece... é o tipo de pessoa que tem sempre razão...

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  13. Ora ora... O senhor tirou-lhe o açaime naquele dia, porque a bicha prometeu que se portava bem...
    Hoje quando viu que a mão já estava a descer para a anca e a perninha a dar-a- dar, pôs ponto final e pronto . Já deve estar habituado há simpatia e descrição em público da cara- metade, não se preocupe. :):):)

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  14. O marido mostrou ser mais sensato que ela! Oxalá a filha saia ao pai!!!

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  15. "- Acaba com isso e pede desculpa à senhora!"
    [que eu quero ouvir as ondas do mar]

    Cara Palmier, já reparou que se tratou de uma forma discreta de lhe chamar "barulhenta"!
    Leve dois cactos amanhã. Isto sou eu, apologista do dente por dente e olho por olho até ao último zarolho.

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  16. Ahahahah! Muito bem Palmier!

    Há tempos tive um senhor que resolveu implicar comigo por causa de um lugar de estacionamento, que entendia ele que devia ser dele... (!?). Resolveu ofender-me e eu dizia-lhe "veja como fala, olhe as crianças!!!". Fiquei em choque. Paralisei.

    Acalmei-me. Entreguei as crianças. Esperei pelo sr voltar, vinha com a mulher.

    Cheia de nervos fui-me a ele e pedi-lhe então para dizer que tipo de razão lhe assistia... Passado um pouco diz-me a mulher "desculpe minha senhora! ele só o fez porque não estava comigo, que eu nunca deixaria! ainda mais à frente de crianças! cala-te João e vamos para casa!!!!"

    Depois disto, só não tive um ataque de riso porque ainda estava com os nervos alterados!!!

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  17. Cá para mim ele estava cheio de vergonha e foi isso que o fez ter coragem de a desautorizar. Se é um homem que aceita que ela tenha certas atitudes e não a contraria, como essa de enxotar as crianças (ele estava com ela, certo?), mal viraste costas não se terá debatido muito com a coisa e ela lá ficou com a razão dela para ele retomar a sua paz podre. E enquanto isso, sempre fez boa figura, de bom samaritano, à tua frente. São os dois cobardes portanto :)

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  18. Hehe delicioso!!
    Cá p mim o homem vai mesmo dormir p o sofá mas não pq a mulher o mande p lá...ele é q vai ficar farto de a ouvir refilar hehe.
    Acho q acabaste de destruir as férias ao senhor. Mas olha...ele é q se casou com a peça :)

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  19. E era ou não proibido jogar á bola naquela praia ?
    Se era a senhora tinha toda a razão, e a palmier é que tinha que pedir desculpa.
    Se não era, a senhora fez muito bem em pedir desculpa.

    Resta agora saber os regulamentos dessa praia.

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    1. Cara Anónima, como deve calcular nunca me dediquei a ler os regulamentos das praias para onde vou. Ainda assim, e mesmo que fosse, o problema nunca foi o facto de estarem a jogar à bola (podiam estar a fazer castelos na areia que seria exactamente a mesma coisa). A pessoa chegou à praia e mandou um grupo de três crianças para outro sítio porque entendeu que aquele espaço era dela e, não contente com isso, ainda foi desagradável com uma criança que nada lhe fez (e que posso garantir que não estava a incomodar ninguém).

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  20. Palmier, eu diria que essa senhora escolheu esse local exactamente para ter a oportunidade de explusar as crianças. Em casa manda o marido, ela queria mandar ali ;-)

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  21. Pelo menos há alguém no casal com bom senso!

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  22. Pois eu tive de aturar uma criança parva de 4 anos na piscina dos bebés a imiscuir-se na minha conversa com o meu filho, para me dizer "não gosto das palavras que dizes ao teu filho" (era um simples "a água está tão boa para o bebé...") e tive de contar até 10 para não lhe fazer uma amona.

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  23. Para sua reflexão, se achar que é disso digno...

    in http://conversa2.blogspot.pt/2014/09/rentree.html

    IV. Secção revista "Pais e Filhos"
    Ao meu lado estava um casal com um filho dos seus dez anos. O miúdo estava sentado na primeira fila, os pais na segunda. Quando a orquestra começou, o rapazinho virou-se para trás, todo contente, e exclamou "também sei tocar isto!". Para o acalmar, a mãe começou a massajar-lhe as costas. Ele protestou, bem alto: "não faças com tanta força!". A senhora ao lado dele fez-lhe "chiu!" e ele deve ter tido uma reacção alérgica, porque passou a peça toda a tossicar. No fim, quando a orquestra estava a abandonar a sala, o simpático dos tímpanos (este, que estava mesmo à nossa frente) disse aos pais que era boa ideia mudarem de lugar. A mãe perguntou: "porquê?"

    (A mãe perguntou: "porquê?" A mãe perguntou: "porquê?" A mãe perguntou: "porquê?" A mãe perguntou: "porquê?" A mãe perguntou: "porquê?" A mãe perguntou: "porquê?")

    O músico até se engasgou, mas conseguiu explicar: "porque com o barulho que faz os músicos não se conseguem concentrar". Optei por rir, para não desatar a bater no pai, no filho e naquela maravilha de mãe. Olhei para as pessoas dos blocos por trás de nós, e estavam todos com cara de poucos-amigos a observar a família. Trocámos reviradelas de olhos e sorrisos de chateados.
    Um senhor que conheço das longas esperas para comprar os bilhetes nos bancos de pau - sim, fazemos filas de mais de uma hora para os conseguir - ao passar pelo miúdo, depois do intervalo, perguntou-lhe com um sorriso se ele iria aguentar o Pássaro de Fogo, porque tinha algumas partes muito selvagens. A família encolheu os ombros, e a mãe pediu a uma senhora que passasse para a frente, para o filho ficar ao lado dos pais. A senhora era baixinha, bem queria ficar atrás para ver melhor, mas lá se sacrificou em nome do bem-estar de todos. Pensávamos nós! O miúdo recomeçou com a tosse, com os suspiros, com a respiração pesada em pleno pianissimo. O pai mandava-o calar, e ele respondia indignado: "tenho de respirar!"
    Foi assim o nosso Pássaro de Fogo: cof cof cof, suspiro, aaaaiiiiii, suspiro, cof cof cof. E para completar o arraial, a mãe tirou os sapatos, e volta e meia os pés batiam neles, poc poc, catrapum. Suspiro, cof cof.

    Pergunto-me o que devia ter feito durante o intervalo. Como dizer a estes pais, que manifestamente não sabem o que é inaceitável numa sala destas, que não têm o direito de estragar o concerto a centenas de pessoas, e o trabalho daqueles músicos? Oh, teria milhentas possibilidades de dizer o que queria, desde a prestável sugestão "podem deixar o miúdo no porteiro e ir buscá-lo no fim do concerto", à manifestação de empatia "que pena que têm de ir para casa a meio do concerto..." passando pela humilhação "ó rapaz, tens consciência que está toda a gente a olhar para ti e a ver os teus caprichos, não apenas nesta sala, mas no mundo inteiro, porque o concerto está a ser transmitido em directo - não tens?"
    Mas nenhuma dessas seria a frase que os faria avançar. E essa, ainda não encontrei. Aceitam-se sugestões.
    (O que eu gostava, o que eu gostava mesmo, é que um dia destes o maestro interrompesse o concerto e mandasse sair quem não se sabe comportar bem dentro da sala. Já vi uma vez, por causa de um bebé que estava a palrar, e cuja mãe levou imenso tempo a perceber que aquela pausa no concerto lhe dizia respeito. Era preciso acontecer mais vezes, e num instante se curava a tuberculose galopante que costuma dar nos concertos, mais o tédio barulhento de certas crianças.)

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    1. Sim...? É por demais evidente que essa criança em concreto não devia estar nessa sala (os meus filhos já foram por diversas vezes assistir a concertos na Gulbenkian e portaram-se impecavelmente).. mas, honestamente, não consigo perceber a relação com este post...

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    2. É que a minha filha estava na praia e estava a portar-se bem (para um ambiente de praia, evidentemente)... daí que não consiga fazer qualquer espécie de paralelismo. E não se dá o caso de eu ser uma mãe sem noção... quando eles se portam mal (porque também se portam mal) sou a primeira a chamar a atenção...

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    3. Palmier, as minhas desculpas pela demora na resposta.

      Devia ter publicado o excerto, no post em que abordou o assunto em termos genéricos, quando se colocou a questão em resposta a uma publicação, penso, d' A Maçã de Eva.

      Aí, sim, se bem recordo, colocava-se a questão da legitimidade de se levar crianças para determinados espaços públicos (restaurantes, creio).

      Ora lá está, como nem todos os adultos (pais, mães, tios ou avós, indiferente para o caso) têm a tal 'noção' que refere, muitas vezes acontecem situações como as que o excerto que publiquei ilustra.

      Por essa mesma razão, percebo que possa existir a política de proibição de crianças em determinados espaços públicos, até porque, compreendo que não seja fácil gerir junto de um cliente cujo filho incomoda, sistematicamente, outros clientes, a necessidade que existe deste rever a forma de estar do filho (percebo, não legitimo, nem deixo de legitimar esta tal proibição).

      A única vez em que acabei por me ver numa situação em que duas crianças faziam imenso barulho num restaurante, longe da mesa dos pais, no extremo oposto, junto da mesa em que me encontrava, e pedi, se, por favor, poderiam falar mais baixinho, no final da refeição dos pais destes miúdos, vieram os próprios pais pedir desculpa. Foram inúmeras as tentativas, sem sucesso, de estabelecimento de contacto visual com os adultos da mesa em causa. O barulho era tal, que sentada - literalmente - ao lado da minha amiga, não nos conseguíamos ouvir. Os empregados bem reviravam os olhos mas, claramente, não quiseram abordar a mesa em causa (composta por cerca de 15 pessoas - sim, 15 adultos; sim, quando vi a pequena entourage a dirigir-se para a minha mesa, temi o pior).

      O excerto que publiquei, tinha por objectivo constituir mais um elemento para reflexão junto dos comentadores deste espaço que, pareceu-me, se inclinavam para a defesa da frequência de todos os espaços por crianças.

      Agradeço-lhe a atenção. :)

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    4. O post que fiz no seguimento da da Maçã foi, como é meu hábito, um exagero de uma situação. É evidente que há sítios que as crianças não devem frequentar. O que não gostei foi da forma prepotente e egocêntrica com que ela o fez. Acho que o que devemos perguntar-nos é: quantas vezes fomos efectivamente verdadeiramente incomodados por uma criança. E estou convencida que a maior parte de nós vai chegar à conclusão que aconteceu duas ou três vezes... assim sendo, acho que não devemos generalizar e que devemos fazer os possíveis por não ser intolerantes. É que acho efectivamente que as pessoas, estão tão fixadas em si mesmas, eu, eu, eu, que se esquecem que há vida (não para além do défice :D) mas para além do nosso próprio umbigo, e, como tal, é inevitável que, de vez em quando, colida com a nossa. E isso não é o fim do mundo...

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    5. Percebo, por completo.

      E olhe que está a falar com alguém que foi convidada a sair da igreja no dia do próprio baptizado. Aliás, o Sr. Padre, uma jóia de pessoa, disse à minha mãe: "Se não consegue controlar a criança, o melhor, é ir acalmá-la para a rua." A criança, eu, tinha 3 meses. :D

      Concordo, também, com o umbiguismo pronunciado que se percebe, aqui e ali.
      Voltando à "vaca fria", mais do que o incómodo causado pelas crianças, incomoda-me o laxismo (à falta de melhor, é o que me ocorre) dos pais.

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    6. Ainda no outro dia, a chegar à praia, assisti a uma cena "macaca". Um menino com uns seis anos com os pais e a avó. O menino entendeu que queria comprar uma coisa qualquer na barraquinha das pás e dos baldes; os pais entenderam que não lhe compravam nada e avançaram para a passadeira. O miúdo ficou aos gritos e a correr de um lado para o outro, pelo meio dos carros, no parque de estacionamento. A avó estava aflita e não se vinha embora (o que eu percebo, porque o miúdo estava completamente descontrolado, e havia carros a passar). Às tantas a avó lá conseguiu convencer o miúdo a ir para a praia (os pais continuavam de braços cruzados na passadeira), e este foi aos gritos (mas gritos de verdade!) por ali fora. A mãe foi à frente com a criança e o pai ficou para trás a descompor a avó... (que a culpa era dela porque não se tinha vindo embora)...

      Até os meus filhos, que estavam de queixo caído a assistir à cena, me perguntaram por que razão os pais não lhe deram um açoite no rabo...

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    7. Às vezes penso que se saiu de um registo de enorme austeridade, frieza e até agressividade, para um registo de quase laissez faire por receio de traumatizar as criancinhas.

      Nem um, nem outro, produzem bom resultado, como sabe.
      Acredito (ou quero acreditar) que entre os resquícios da abordagem educativo-tipo do tempo da velha senhora, e o verdadeiro boom de teorias de parentalidade positiva que nos é contemporâneo, sairá qualquer coisa de mais adaptativo.

      Até lá, olhe, é verificar situações como as que ilustra, e outras tantas no extremo oposto (este verão, antecipei a minha saída da praia, por estar no limiar de abordar um casal, pais tardios de primeira viagem. Não é meu hábito, mas há coisas que me mexem mais com as entranhas).

      Palmier, foi um grato prazer...! :)

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    8. Baptizado? Baptismo? Ai...

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