Acabei de ouvir na televisão um senhor da protecção civil, a propósito de um incêndio na cobertura de um prédio junto da Av. da Liberdade, dizer:
- O fogo está controlado. Neste momento não há perigo para as pessoas!
E, depois, acrescentou enigmaticamente:
- Nem para as pessoas, nem para os vizinhos!
E eu, lá está... fiquei sem perceber porque raio a jornalista não esmiuçou esta questão convenientemente. É que, segundo o senhor da Protecção Civil, os vizinhos não são pessoas. Ora, este facto é muitíssimo mais relevante que umas telhas e uns barrotes consumidos pelas chamas. Assim sendo, não compreendo como é que a jornalista, que teve nas suas ineptas mãozinhas o furo jornalístico da vida, o deixou escapar com tamanha facilidade...
Lembro-me logo da minha avó que, com mais de 80 anos, quando via jogos da bola (atenção que ela fingia que não gostava nada mas, a verdade é que, sempre que dava uma futebolada, o comando da televisão desaparecia misteriosamente) e, se a equipa por quem torcia falhava algum golo, dizia exasperada:
"Se fosse eu, já tinha marcado dois ou três!"
Ora aí está, é este saudável sentimento de superioridade que nos corre nas veias desde há gerações a esta parte, que me permite dizer:
- Se fosse eu que tivesse feito a entrevista, já tinha ganho o prémio Science pela extraordinária descoberta de toda uma comunidade organizada vizinhos, essa recém descoberta espécie de não-pessoas.
Incompetente, é o que é!
Ela não entendeu.
ResponderEliminarEla é jornalista e, provavelmente, vizinha. lol