quinta-feira, 14 de junho de 2012

Junkie da tecnologia

Hoje saí de casa já atrasada (claro!) e, DRAMAAAAAAAA… sem os telefones…
Chegada a meio do caminho, comecei a apalpar a carteira, suavemente, à procura dos ditos. Uma vez que não os encontrava em lado nenhum e com o sentimento de desespero em crescendo, desatei, tipo tarado sexual, aos violentos apalpões à mala, até que a coisa, de tão hostil, atingiu proporções de filme pornográfico, mesmo. Neste momento e quando os outros automobilistas já olhavam para dentro da minha viatura com olhares assustados e com a bolinha vermelha no canto superior direito do seu raio de visão, resolvi acalmar-me e admitir que me tinha, efectivamente, esquecido dos telefones. Assim sendo, e apesar da tremura na voz e das lágrimas que logo se apoderaram do meu olhar, vocalizei:
- Esqueci-me dos telefones!
Filhos olharam-me abalados e disseram um para o outro:
- A mãe esqueceu-se dos telefones!
Instalou-se no nosso carro um prolongado momento de silêncio. Uma pausa constrangedora. Sentia a censura de filhos a penetrar-me a nuca. Como era possível estarmos, assim…, incomunicáveis…
Voltámos para trás (claro!) e filha sugeriu, de imediato, que telefonasse à empregada para que esta viesse cá a baixo trazer-nos os telefones. Tive de admitir, embaraçada, que não podia telefonar a fazer esse pedido, porque… tcharan… não tinha telefones. Ia mesmo (vergonha das vergonhas) ter de tocar à campainha…
Chegada a casa (em aceleração seguida de derrapagem… devido ao atraso) abri a porta, saí do carro e fui tocar à campainha (imaginem o vexame…). Disse à empregada, já com voz rouca e arrastada (um pouco caprina, mesmo), como quem está com carência de oxigénio no cérebro:
- Os telefoneeeeeeesssssss…
Empregada percebeu de imediato e correu para a minha mesinha de cabeceira (local onde eles repousam… juntinho, juntinho a mim) resgatando os preciosos objectos. Quando desceu as escadas e os trouxe para junto de mim (aproveitei logo para os abraçar e beijar languidamente) disse-me:
- Desculpe… a porta do escritório estava fechada…não ouvi o telefone (fixo) a tocar…
Ou seja, a própria empregada não conseguiu conceber como é que eu, uma pessoa tão moderno-contemporânea, cometi uma acção tão obsoleta (como tocar à campainha), sem que antes lhe tivesse telefonado a pedir que me trouxesse os telefones (ou seja, assumiu que eu já lhe tentara ligar, sem perceber que eu não tinha… tcharan… telefones para o fazer…).

Ahhhhhhh... o telefone está nesste preciso momento a tocar... há lá coisa mais boa... Bye, bye... 


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