Se eu fosse Pedro, estava um bocadinho aborrecida. Estava um bocadinho aborrecida por ter sido burra. Ser burra é, já de si, uma coisa aborrecida. Ser burra à frente de muita gente, é coisa ainda mais aborrecida. Ser burra à frente de um país, é... humilhante. Não sei bem o que terá passado pela cabeça de Pedro para fazer uma declaração tão chocante, tão significativa e que joga com a vida de tantas pessoas, de forma tão leviana, atabalhoada, sem qualquer explicação e... antes de um jogo da bola. Assim, num estilo, toca a despachar. Terá Pedro pensado que ninguém dava por nada?! Que Pedro ia cantar "A Nini" e que nós ficávamos todos a gritar golo e que, de seguida, nos dava uma amnésia colectiva?! Que passava de fininho?! É que eu ponho-me na cabeça de Pedro, e não consigo encontrar resposta. Não consigo, pronto. Sou uma pessoa limitada.
Apesar disso, não desisto de ser Pedro logo à primeira dificuldade. Continuo a tentar ser Pedro. A ser Pedro no seu estado humilhado... e a ver as pessoas na rua. A ver as pessoas que me acharam burro a protestar contra mim, contra a minha burrice. E pergunto-me:
- O que estará Pedro a fazer?
Depois, imagino o séquito, os conselheiros, os analistas, os que ajudaram Pedro a preparar aquela declaração. Imagino-os a desvalorizar, a minimizar, a dizerem que tudo foi pacífico, que não é como na Grécia, que o povo tem memória curta, que, não tarda nada, já se esqueceram, que aqueles que sobram, frente à Assembleia da Répiblica, são os organizados, os comunistas, os sindicalistas e que esses, claro, não contam. Imagino Pedro a concordar. Concordar, sempre é melhor do que reconhecer o erro. Sobretudo, quando estamos rodeados de pessoas que querem que estejamos certos. E, depois de imaginar tudo isto, pergunto-me:
-Se eu fosse Pedro, arriscaria um pedido de desculpas, um "realmente, demonstrei que sou um bocadinho impreparado e não tinha pensado lá muito bem no assunto", um tomem lá o meu braço e torçam-no até doer?
É que isto, não é novo. Este, é aquele momento, facilmente determinável no tempo, em que o político, porque é mais fácil desvalorizar do que recuar, porque, se recuar, está a admitir a sua falta de preparação, prefere fechar os olhos. Este é o momento em que a Alma se separa do corpo. É o momento em que o Pedro está a virar as costas à realidade e a dar início a um longo e penoso precurso autista... E, este é, portanto, o dia em que, todos nós, perdemos o Pedro. Este, é o dia em que o Pedro, bem podia chamar-se José... José Sócrates...
Texto 5 estrelas!
ResponderEliminarObrigada :)
EliminarNão posso estar mais de acordo. Concordo com tudo o que disse a 200%, mas eu não acredito que o Pedro acredite no que viu hoje....
ResponderEliminarMais de MEIO MILHÃO em Lisboa, disseram agora nas notícias !!!!!! ... Acredito que, mais do que ter sido como disse brilhantemente Palmier, " o dia em que, todos nós, perdemos o Pedro ", este foi o dia em que Pedro se perdeu....
EliminarPerdemo-nos uns dos outros :(
EliminarSó não vê (e percebe o que se passou)se for mesmo autista! Burro, impreparado, insensível, incompetente, etc. já nós sabemos que ele é. Vamos aguardar pelo próximo diagnóstico.
ResponderEliminarO pior cego, é aquele que não quer ver...
EliminarPalmieri, TU ÉS BRILHANTE!
ResponderEliminarOh pah! Assim até fico corada! :DDD
EliminarO texto está o máximo. Mas enquanto for assim, o Pedro não se importa!
ResponderEliminarPois não... Esse é sempre o problema. Do Pedro e de todos os outros...
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