É uma situação deveras triste...

O assunto, é o meu cabelo. O meu cabelo numa situação muito específica. O meu cabelo na praia! 

Como sinto a vossa ânsia de abordar tão interessante tema, deveremos avançar sem medo e abraçá-lo de imediato.

Ora, então, vamos lá! É que vejam, eu observo o cabelo das outras (o vosso, portanto) e vejo o quão bem educadas são as cabeleiras alheias. Vejo os milagres que as outras (vocês, portanto), produzem com um simples elástico. Penteados dignos das mais sofisticadas revistas de moda. Já o meu... bem o meu próprio cabelo, comporta-se de forma extremamente indisciplinada na praia. É certo que o facto de não usar quaisquer óleos de amêndoas e jojoba, para o manter sedoso e hidratado, não ajuda. Também não ajuda o facto de não usar escova ou pente para o alisar. Ainda menos ajuda o facto de não transportar qualquer pente ou escova no saco de praia. Mas vejam, eu tento domá-lo com as minhas artísticas mãos. Dou-lhe uns jeitos, uns retoques, uns aconchegos aos quais ele, infelizmente, não é minimamente sensível. O meu cabelo, para além de rude e indisciplinado, é selvagem e perigoso. Todos os dias encontra novas formas de me causar extrema humilhação. Por exemplo, hoje (que estava longe de casa e ia jantar sem o poder lavar e secar), o meu cabelo resolveu brindar-me com este penteado absolutamente... como direi... alucinante:

E isto, isto é extremamente grave. Porque, reparem, eu vi os olhares de pena que as outras (vocês, portanto) me dirigiram. Já não vou referir os cochichos porque não vos quero deixar mal vistas perante todo um universo de pessoas amigas e caridosas. Muito menos referirei as gargalhadas histéricas que produziram, porque isso, bem, isso carece de adjectivação condigna.  

Passando à frente que eu sou superior a todas essas coisas... Tenho, apenas, a acrescentar que, quando cheguei a casa, Maman (provavelmente acicatada por vocês), olhou-me como se eu fosse portadora de piolhos, mas em pior... muito pior. Sentindo-se envergonhada pelo penteado da sua única filha, Maman, correu para o seu quarto, daí trazendo um pano com que tapou meus cabelos. Podem, portanto, parar com essas gargalhadas altamente irritantes que, aquela que desenvolve tão interessante tema, não mais tem um caracol saliente no alto do seu cocuruto e se encontra, agora, numa versão muito mais gira! A versão: "Ó querido! Traz-me o aspirador que, o que me apetece mesmo, mesmo, agora (1h30 da madrugada), é fazer uma faxina!"