segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O meu drama familiar

Estava eu aqui a escrever o meu novo livro, intitulado "Olá, eu sou o próximo prémio Nobel da literatura", quando, de repente, me deu uma grande urgência e tive de parar tudo para vir aqui explicar-vos  uma grave situação. 
Amanhã termino as minhas férias e retiro-me de volta a chez moi. Mas, faço-o com um estranho sentimento. Um sentimento de profundo pesar, cuja origem é muito específica. Tudo passa por Maman. Maman, depois de muitos anos de convivência próxima, resolveu votar-me ao abandono. Eu, a amada filha única, fui abandonada em prol de père. É que, ao contrário do que poderiam pensar, Maman e père não eram, há muito, um casal. Maman e père estavam divorciados vai para mais de trinta anos. É claro que, como são pessoas extremamente civilizadas, sempre foram amigos. Mas tanto?!
Tudo começou há cerca de um ano atrás quando Maman e père partiram, em dueto, para um on the road em terras de de Espanha. Ora, uma pessoa estranha, mas, uma pessoa é crente nos sagrados princípios do divórcio, pelo que, não questiona. Eis que, após esse on the road, seguiram-se muitos outros on the road. on the road para o Norte, on the road para o Sul, on the road para todo o centro, on the road para todo o lado. Houve até um dia em que, encontrando-se num hotel, Maman me mandou o seguinte sms:


Uma pessoa disfarça, dá umas gargalhadas plásticas e forçadas mas, na realidade, uma pessoa começa a arquear a sobrancelha e a ficar seriamente desconfiada. Mas, então, o que raio é isto? Pergunta uma pessoa a si própria. 
De seguida, começaram as estadias alternadas, em conjunto e cada vez mais longas, nas respectivas casas e, depois, sem qualquer aviso prévio, père subtrai-me Maman, sem apelo nem agravo. Maman foi-me sonegada sem dó nem piedade. 
É que vejamos, é necessário ter em consideração os sentimentos alheios (os meus próprios sentimentos, neste caso) e proceder com o cuidado aconselhado para situações desta natureza. Reunir os filhos (reunirem-me a mim própria, portanto) e explicar abertamente a situação de modo a que não se criassem equívocos e que eu viesse a aceitar tamanha harmonia familiar sem ficar traumatizada.
No entanto, nada disto foi feito. A coisa apareceu como um facto consumado. Sem uma palavra, sem uma sílaba, sem uma única letra. Nada. Colocou-se, assim, em causa o bem estar da criança (eu própria), não a preparando para lidar com a realidade. Acontece que, hoje, completamente desprevenida, fui surpreendida com uma pergunta absolutamente traumatizante. Uma amiga de um familiar, que não vê nem Maman, nem père há largas dezenas de anos, colocou-me a seguinte questão:
- Então e os pais, estão bons? E, depois, acrescentou baralhada:
- Alguém me disse que eles se... divorciaram...?
Ao que eu, envergonhada, diminuída e até acabrunhada, tive de responder:
- Não... parece é que eles se juntaram... 

7 comentários:

  1. Ahahahahahahahahahahah
    Nem sabes a sorte que tens!
    Txim-txim à Maman e ao père!
    Quando se oficializar a coisa não se esqueçam de me avisar (com tempo, naturalmente, que tenho de mandar fazer os sapatos)!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. ahahahahahahah
      txim-txim!
      Sexinho, não somos orfãs de père!
      Sobre o casório, avisem com antecedência porque o macacão que levei ao de Mano Bueno encolheu e preciso encomendar outro outfit!

      http://uenabuena.blogspot.pt/2012/06/rip-macacao.html

      Eliminar
  2. Muito melhor que Nicholas Sparks. O Nobel está no papo!

    ResponderEliminar
  3. Que carinho de narrativa !!! Adorei... e a cara criança também .. :)

    ResponderEliminar
  4. Porque não propões uma acção judicial contra ton pére por te ter sonegado ta Maman??? Não quero ser metediça e maldosa, mas era isso que eu fazia!

    ResponderEliminar
  5. Ohhhhh :|
    Isso não se faz, então não avisam a filhota?!?... Põe-os de castigo!

    ResponderEliminar