sábado, 11 de agosto de 2012

Ainda a propósito do cão de há pouco...

Aqui há uns dias, Maman teve uma ideia romântica. 
Maman pensou, pensou e concluiu que o melhor programa que tinha para fazer era levar Cánis a passear à praia. Seria a primeira ida de Cánis à praia e Maman visualizou a felicidade estampada não só nos seus olhos, como nos belos olhos de Cánis. Maman, via-se, tal qual anúncio de artigos de perfumaria, a correr, qual gazela, pelo areal, saltando e rodopiando com o seu cão. Assim sendo, Maman pôs mãos à obra, ou, melhor dizendo, pôs pés à obra e lançou-se à sua passeata. A passeata teve início em casa, que se situa a cerca de 1km da praia, sendo o percurso feito sob o sol abrasador, através de montes e barrancos bastante irregulares. Maman, pouco habituada a este piso todo-o-terreno, foi-se equilibrando, a custo, no seu calçado totalmente inadequado, constituído por finas sandálias de tirinhas. Para além do equilíbrio (coisa difícil quando se está a ser arrastada por um animal de grande porte), Maman também tinha de atentar nas urtigas e nos picos que insistiam em introduzir-se nos seus sapatos. Claro que a meio do caminho (mesmo à frente do enorme hotel que se situa junto à praia), e na sequência de um enérgico puxão de Cánis, Maman foi atirada ao chão, para se erguer de imediato e num enorme salto, como se a queda fosse um desporto que praticasse habitualmente. Apesar da rapidez com que se levantou, Maman deixou escapar Cánis que correu desenfreado em direcção dos incautos turistas que ali se encontravam. Maman, apesar dos seus joelhos esfolados e ensanguentados, teve, de imediato, de encarnar Obikuelo e lançar-se num sprint absolutamente espectacular, que só abrandou no momento em que conseguiu recuperar Cánis para si própria. Os turistas aplaudiram com entusiasmo e Maman agradeceu, displicente. Ignorando aquele percalço, Maman continuou o seu alegre passeio, decidida que estava a viver aqueles momentos de rara beleza com o seu cão. Nada iria afectar a sua disposição. Chegada à praia, já esbaforida com o calor, Maman debateu-se com um ligeiro problema. Maman queria dar um mergulho mas, lá está, Cánis não pretendia fazer-se ao mar. Para Cánis a babuja era suficiente, Cánis pretendia, apenas, beber o mar na sua totalidade e deitar-se na areia molhada para se refrescar. Assim, Maman que, nesse momento sofria já dos primeiros sinais de insolação, não só não se conseguia refrescar, como também não conseguia prosseguir o seu passeio, já que Cánis recusava a locomoção. A única forma de progredir consistia em arrastar Cánis pela areia, como se de uma lula se tratasse (não uma lula qualquer, claro!... a lula gigante do aquário Vasco da Gama...). Maman, sentia, a cada momento que passava, a sua visão de felicidade a desvanecer-se. Desistindo do rodopio e dos saltos de gazela no areal, Maman, já derreada e totalmente desgrenhada (tendo em conta o esforço despendido), resolveu voltar a praticar o seu desporto de eleição e atirou-se para o chão pela segunda vez nesse dia (desta feita propositadamente), daí telefonando a Papá para que este viesse, de imediato, salvá-la do inferno em que se havia transformado a sua visão de paraíso.
E pronto, era só isto... Queria, apenas, que soubessem que esta foi a primeira e a última vez que Cánis foi a pé até à praia.


16 comentários:

  1. Ahahahahahahahahah
    Maman que me desculpe mas pagava para ver!
    Ahahahahahahahahahah

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    1. Filha ingrata! Mal se vê adoptada, já se está a rir da minha triste sorte!

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    2. Maman!
      Queira perdoar esta filha...
      Deitar-me-ia no chão, mais rápida que a própria sombra, para lhe amparar a queda, e daria muito tautau nesse grande matulão!

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    3. perdoada, mas quando a for contada a minha queda no supermercado, não quero ouvir nem um piu!

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    4. Outro trambolhão?!
      Promise!
      Nem piuzinho!

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    5. Ei... mas então quem é a editora do blog?!?! Como é possível que já haja ameaças de elaborados textos sobre quedas em supermercados?! :DDD

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    6. A queda em supermercado, será relatada por Palmier encoberto, com fotografias em dramatizing, também realizadas por PE

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  2. ahahahahah
    Maman devia ter um blog só dela!

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    1. Maman deixa à veia de escritora da sua filha não adoptiva, a tarefa dos relatos. Maman limita-se a viver cenas ridículas...

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  3. Palmieri, já pensaste em embrulhar Maman em plástico de bolhas?
    Agora que fui adoptada não quero nada que Maman se estrague!
    Ps- antes também não queria, mas era diferente; agora é uma dor!

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    1. Sim! É uma excelente ideia! Temos de preservar Maman! De caminho, guardamo-la numa caixinha de frigorífico... como me fez enquanto criança (e, depois, parti a cabeça...) :DDD

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    2. ??? Numa caixa do frigorífico, com a cabeça partida ?!? ... Promete ser hilariante...aguardemos :)

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  4. Pobre Maman... mas como o que não nos mata, torna-nos mais fortes, ainda havemos de ver Maman medalhada campeã de pentatlo :D

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    1. Então se continuar a passear Cánis... será duplamente campeã. Ganhará medalha de levantamento de pesos e, até é possível que consiga o pódio da maratona :DDD

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