O meu local de trabalho é num sítio bastante movimentado. Assim sendo, leva a situações de verdadeiro empreendedorismo. Apresento-vos esta senhora que, desde há cerca de dois anos a esta parte, decidida a contrariar os sinais da crise e cansada de ser uma trabalhadora por conta de outrem, resolveu criar para si própria um posto de trabalho.
Características do posto de trabalho:
a) localiza-se mesmo por baixo da minha janela;
b) É repetitivo, pelo que não exige um grande esforço intelectual;
c) exige uma postura alquebrada e um ar infeliz:
d) É barulhento.
Material de trabalho:
a) Um copo de plástico da marca Super Bock para as moedas.
Em que consiste o trabalho:
Consiste em gritar, durante 8 horas seguidas e em modo extremamente choroso:
Dái-me uma moeeeedinhaaaaaaaaaaa sefáfavoooooreeeeeeee!
Se isto em alturas de temperaturas negativas é irrelevante (porque as janelas se encontram fechadas), agora, quando o tempo melhora (porque odeio ar condicionado e gosto de abrir as janelas), é desesperante. A senhora não pára. A senhora é uma máquina. A senhora pega às 9h00 e larga às 18h00. Confesso que estou a atingir o meu limite. Já cheguei a dar-lhe uns gritos lá de cima, do meu primeiro andar, mas ela não ligou nenhuma. Ainda gritou mais alto o seu:
"Dái-me uma moeeeedinhaaaaaaaaaaa sefáfavoooooreeeeeeee!"
Estou agora em fase de congeminar planos. Tenho vários. Desde atirar-lhe o agrafador (daqueles grandes que dão para agrafar uma resma de papel), passando pela hipótese de comprar 360 pombos que colocaria à minha janela ensinando-os a fazer cocó permanente direccionado para aquele local de trabalho, até ao assassínio e posterior desmembramento da senhora para todo o sempre (aceito sugestões mais civilizadas).
Mas o mais inacreditável foi observá-la hoje a deixar o seu posto de trabalho. Quando eu estava a sair (pois que a senhora faz mais ou menos o mesmo horário que eu) ela olha de relance para o relógio, estremece ao verificar que já passam 10 minutos das 18h00 (como quem pensa que já cumpriu o horário de trabalho e que não está para fazer horas extraordinárias), põe o copo dentro da mala, coloca-a ao ao ombro e avança super rapidamente e com movimentos extremamente ágeis (adeus imediato ao ar alquebrado e infeliz) em direcção à paragem do autocarro.
E eu fiquei ali... a mirá-la e a pensar como é que, amanhã, dou cabo dela...
Para começar, uns sacos de plástico cheios de água (abertos), um gelado meio derretido... depois, sei lá, um tijolo, um paralelepípedo da calçada... loool
ResponderEliminarAcho que se ela levasse com o saco de água de vez em quando, era bem capaz de mudar de poiso.
O saco de água é coisa muito gentil... Acho que vou arranjar uma mangueira (ligo à torneira da casa de banho) e depois levo-a até à janela e abro-a no máximo! Depois, se for despedida, ocupo o local de trabalho da senhora :DDD
Eliminar...eu fazia o seguinte: arranjava um cartão e atava-lhe um cordel, escrevia em letras bem gordas e de cor berrante no cartão qualquer coisa do tipo "NÃO DÊEM DINHEIRO A ESTA CALOTEIRA QUE ELA VAI GASTÁ-LO TODO NA PINGA", e fazia descer o cartão do teu 1º andar de forma que ela não o conseguisse alcançar, mas que as pessoas o pudessem ler.
ResponderEliminar..outra hipótese é o saquito de água como já foi referido..
..em última análise sempre podes chamar a polícia, acho que a mendicidade é proibida, e a reforçar está o argumento da interferência de actividade ilícita no trabalho de terceiros.
boa sorte
:)
Sim... ver a senhora a ser arrastada pela polícia é, de facto, uma imagem paradisíaca...
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