sábado, 15 de setembro de 2012

Se eu fosse Pedro...


Se eu fosse Pedro, estava um bocadinho aborrecida. Estava um bocadinho aborrecida por ter sido burra. Ser burra é, já de si, uma coisa aborrecida. Ser burra à frente de muita gente, é coisa ainda mais aborrecida. Ser burra à frente de um país, é... humilhante. Não sei bem o que terá passado pela cabeça de Pedro para fazer uma declaração tão chocante, tão significativa e que joga com a vida de tantas pessoas, de forma tão leviana, atabalhoada, sem qualquer explicação e... antes de um jogo da bola. Assim, num estilo, toca a despachar. Terá Pedro pensado que ninguém dava por nada?! Que Pedro ia cantar "A Nini" e que nós ficávamos todos a gritar golo e que, de seguida, nos dava uma amnésia colectiva?! Que passava de fininho?! É que eu ponho-me na cabeça de Pedro, e não consigo encontrar resposta. Não consigo, pronto. Sou uma pessoa limitada.
Apesar disso, não desisto de ser Pedro logo à primeira dificuldade. Continuo a tentar ser Pedro. A ser Pedro no seu estado humilhado... e a ver as pessoas na rua. A ver as pessoas que me acharam burro a protestar contra mim, contra a minha burrice. E pergunto-me:
- O que estará Pedro a fazer? 
Depois, imagino o séquito, os conselheiros, os analistas, os que ajudaram Pedro a preparar aquela declaração. Imagino-os a desvalorizar, a minimizar, a dizerem que tudo foi pacífico, que não é como na Grécia, que o povo tem memória curta, que, não tarda nada, já se esqueceram, que aqueles que sobram, frente à Assembleia da Répiblica, são os organizados, os comunistas, os sindicalistas e que esses, claro, não contam. Imagino Pedro a concordar. Concordar, sempre é melhor do que reconhecer o erro. Sobretudo, quando estamos rodeados de pessoas que querem que estejamos certos. E, depois de imaginar tudo isto, pergunto-me:
-Se eu fosse Pedro, arriscaria um pedido de desculpas, um "realmente, demonstrei que sou um bocadinho impreparado e não tinha pensado lá muito bem no assunto", um tomem lá o meu braço e torçam-no até doer? 
É que isto, não é novo. Este, é aquele momento, facilmente determinável no tempo, em que o político, porque é mais fácil desvalorizar do que recuar, porque, se recuar, está a admitir a sua falta de preparação, prefere fechar os olhos. Este é o momento em que a Alma se separa do corpo. É o momento em que o Pedro está a virar as costas à realidade e a dar início a um longo e penoso precurso autista... E, este é, portanto, o dia em que, todos nós, perdemos o Pedro. Este, é o dia em que o Pedro, bem podia chamar-se José... José Sócrates...

11 comentários:

  1. Não posso estar mais de acordo. Concordo com tudo o que disse a 200%, mas eu não acredito que o Pedro acredite no que viu hoje....

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    1. Mais de MEIO MILHÃO em Lisboa, disseram agora nas notícias !!!!!! ... Acredito que, mais do que ter sido como disse brilhantemente Palmier, " o dia em que, todos nós, perdemos o Pedro ", este foi o dia em que Pedro se perdeu....

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  2. Só não vê (e percebe o que se passou)se for mesmo autista! Burro, impreparado, insensível, incompetente, etc. já nós sabemos que ele é. Vamos aguardar pelo próximo diagnóstico.

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  3. O texto está o máximo. Mas enquanto for assim, o Pedro não se importa!

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    1. Pois não... Esse é sempre o problema. Do Pedro e de todos os outros...

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