Histórias da minha vida…

Cheguei ao local de trabalho e saí do carro levando comigo uns papéis rasgados que filha lá tinha deixado (tenho pavor de me cruzar com o tio Pipoco e ter lixo no chão do carro. Cruzes, credo! Só de pensar nessa possibilidade fico aterrorizada!). Mal avistei o primeiro caixote do lixo, deitei tudo lá para dentro. Depois… onde é que está o telefone?! Verifico bolsos, verifico compartimento lateral da mala, volto ao carro e telefone, nada. Desnorteada, corro para o caixote do lixo e, como quem não quer a coisa e disfarçando tão estranho interesse nos detritos, ponho-me de lado a espreitar lá para dentro. Só via os papéis, os papéis, os papéis e telefone, nada. Volto à mala, nada. Concluo rapidamente que o telefone só pode estar debaixo dos papéis. Nojo. Lanço a mãozinha ao caixote do lixo ao mesmo tempo que verifico se os transeuntes me estão a observar. A costa está livre! Ninguém me olha! Com movimentos, ágeis puxo pelo cantinho dos papéis mudando-os de sítio. Continuo sem ver o telefone. Desespero. É pesado… deve ter-se afundado…  Volto com a mãozinha em garra a dar um puxão aos papéis. Quando estou a proceder a esta delicada operação, oiço uma voz por trás de mim: “Então doutora… precisa de ajuda?!”. Aflição. Com uma mão paralisada dentro do caixote do lixo faço o meu ar mais profissional tento explicar o inexplicável. “Sabe… ah, ah, ah… acho que, por engano, deitei o telefone para o lixo…”. Acabo a frase e toca o telefone… dentro da minha mala…